Pobre Menino

 

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Depois de uma longa trilha, o mar. Sentado nas redondas pedras da praia Fofa, ele, pequenino, olha para o horizonte. Sente calor e pede para mergulhar. Faz perguntas. Quer saber onde chegará, se dali pegar um barco e seguir sempre reto. Respondo, lacônica. Então cala-se, e por muito tempo, são as ondas do mar que nos falam. Mentalmente, ele embarca no mundo de barcos piratas, mapas do tesouro e monstros do mar e me convida para junto com ele, viajar. Tento. Em vão. O ceticismo bloqueia minha imaginação e me deixa apenas o verossímil. O real que me provê coragem para apagar a luz e no breu da noite, fechar os olhos, porque sei que não encontrarei monstros. Pobre menino, que imagina, cria e acredita. Menino que faz do inverossímil uma realidade possível. Menino que fecha os olhos e dorme. E sonha. Como é difícil ser criança.

Aline Serfaty

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3 comentários sobre “Pobre Menino

  1. Uma vez o “meu” Sérgio me contou que a turma que cresceu com ele na rua perdeu a graça. Ficavam todos olhando um pro outro sem reação.
    “Foi quando eu percebi que a gente parou de brincar”…

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