“Nós ossos que aqui estamos pelos vossos esperamos”- Capela dos Ossos, Évora, Portugal.
Não deveria ter entrado naquela capela depois dos quarenta. Uma amiga, aos trinta, a prevenira.
Ossos. Empilhados nas paredes do santuário. O teto, poupado, era o alívio a quem buscava retomar o fôlego, roubado à entrada. Sentiu medo. Do fim.
Foi subitamente tomada pela ansiedade e pela angústia, por não saber se vivera além do que a si havia sido destinado. Por não saber se desafiara o arbítrio de ser livre. E enquanto a liberdade era o seu afã, contava, em silêncio, os anos que transcorreram até aquele exato dia.
Olhou novamente ao redor, e intrigada, pensou nas histórias que unidas intrinsicamente aos milhares de ossos, jaziam. Mortas.
Ali permaneceu tempo suficiente para, então, despedir-se, fitando o horizonte. Partiu pensando em suas vivências, os alicerces necessários à própria alma, que retida, ansiava vastidão. Entendeu que o medo da morte era imprescindível às escolhas da vida e seguiu caminhando por dias. E anos. Sentindo-se viva. E livre.
Naquele dia, soube que poderia morrer, se assim fosse o desígnio. Preferiu viver. Corajosamente.
Aline Serfaty
facebook.com/contocurtasetcetera
Revisado por Fabiana Serra
O medo da morte. Quem não tem? Se torna brando qdo a gente vive Bem.
Gostei!
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É a notícia mais
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Tenho a impressão que é a noticia mais certa e também mais ignorada de nossa existência. Adorei! Brilhante como sempre.
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A mais certa, a mais ignorada e muitas vezes, a mais temida! Bjs!!
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O medo da morte – tão óbvio e ao mesmo tempo, tão necessário às escolhas da vida. Não é mesmo?
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lindo!
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Obrigada, Anand!
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O pior da morte é não ter realizado tudo que se quis. E o que é realizar tudo? Talvez saber que a gente fez a diferença de alguma forma no mundo. Que a gente deixou alguma marca bacana nas pessoas com quem convivemos.
Amei a forma de você explorar esse tema.
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