Há Quatro Anos

Jackson Pollock | Autumn Rhythm (Number 30) | The Met

19/09/2015. Algumas horas antes de dar à primeira curta história deste blog seu ponto final, adentrei o consultório oftalmológico. A sala de espera, cenário deste conto, de fato existiu, e lá estava eu, testemunha ocular do que se tornou “Quatro Xícaras por Dia”. Percebo que apesar da pupila dilatada, visão profunda não me faltou. E graças à curiosidade que me inquieta, outras histórias vieram. Nada parecia passar despercebido, em vão. Tudo era inspiração. E assim, houve tristeza em “Agosto”, Arthur sendo Heitor no passeio de barco em “Nomes”, houve a série França, baseada em fatos reais, vividos por mim enquanto por lá andei, nos idos de 2006. E mais. Muito mais. Por vezes, uma foto se tornava curtíssima e uma pintura em aquarela, um romance. Em outras, minhas palavras eram suficientes para ilustrar cenário e personagens. Perdida em pensamentos: vivos, coloridos, brilhantes, eloquentes; tristes, monocromáticos, desbotados, lacônicos, escrevi. Dei vida a inúmeras cenas do cotidiano, dramatizadas por personagens reais ou imaginários. Liberei a criatividade escondida por anos, desconhecida por mim (porém, dentro de mim). E nesses quatro anos de “Conto Curtas Etcetera” sublinhei em muitas histórias, traços da personalidade humana. Em “Sentença”, uma reflexão sobre as escolhas da vida, em “Metade”, a paixão não correspondida. Em todas, emoções e sentimentos revelados em palavras escritas. Palavras engatilhadas como os vagões de um trem, transformando-se em pensamentos e talvez, questionamentos, seguindo o rumo de outros corações. No meu, permanece o desejo de fazer brotar a faísca necessária à iluminação de ideias e almas, muitas vezes hipnotizadas por suas crenças, enquadradas por seu passado. Sigo escrevendo. Ora, com mais afinco. Ora, nem tanto. Livre, permito-me calar. Contemplar. Ouvir. Sentir. E fluir. E nesse trânsito, a mim tão familiar, escolho traduzir curiosidade em observação e emoção em parágrafos, rimas deste blog, pequeno grande pedaço de mim.

Aline Serfaty

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Revisado por Fabiana Serra 

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7 comentários sobre “Há Quatro Anos

  1. Aline,
    Estava carente dos seus contos. Adoro ver no meu e-mail que você preparou mais um conto, que me motiva a refletir, a ver o que passou despercebido e também olhar para o futuro, muitas vezes desviando da reta tão óbvia.
    Continue produzindo. Você enriquece meus pensamentos e atitudes. Bjs de quem te ama.
    Rosana

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    1. Minha irmã querida, amo teu eterno apoio. Carrego comigo como maior exemplo o dia em que você foi à Aliança Francesa lutar por mim, pela minha voz. Eu, ainda pequena, entendi sobre amor e posicionamento. Tenha a certeza de que dentro de muitas dessas curtas histórias estão traços da tua personalidade e das nossas vivências e conversas. Te amo infinitamente. Bjs

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  2. Entrei na estrada dos contos e te encontrei aberta, destemida, viva, contando histórias ora eletrizadas ora cadenciadas, todas envolvendo tensões humanas que marcam o fundo do peito. A mulher contista sempre ali pulsando, cuidando de suas personagens que muitas vezes lhes fugiram das mãos.
    Embora sem ter dado conta de acompanhar todos os contos, porque vivia outros aqui, nessa realidade às vezes de boticário, sempre me delicio, me assusto, me inquieto, me apaixono, me entorpeço. E cruzo histórias e mares que me ajudam a continuar. Que venham muitos outros anos, que os contos permaneçam nos alimentando. Você é uma grande escritora, Aline. Sigo junto.

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    1. Cecilia, tuas palavras tem o dom de roubar as minhas. Adoro ler teus comentários que me transportam à tríade pensar, sentir, crescer. Penso que a realidade da vida que nos endurece, também nos traz a oportunidade de experimentar novos sentimentos e com eles, o crescimento inevitável. Muitas das histórias deste blog são cunhadas por essa tríade vivida por mim ou por pessoas que compartilharam comigo suas agruras. Talvez por ser tão “real” dentro do meu imaginário, seja também tão tocante. Espero que continues eletrizada e alimentada por minhas palavras. Enorme alegria que me dá matar está fome!

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