
Ruth Ginsburg. Mulher, judia.
Ela e eu.
Pela tela da televisão, conheci as cores da sua personalidade. Conheci seu brilho. As dificuldades que enfrentou, nas décadas de 50/60, por ser mulher e judia, fizeram-na lutar por um mundo mais justo. Um mundo no qual as vozes femininas não servissem apenas a adoçar as lamúrias de maridos conservadores. Um mundo no qual haveria espaço para mulheres e suas visões, expressões.
Mulher, judia. Eu.
Busco força e inspiração nessas outras mulheres. Saio diariamente com os olhos abertos a buscar as desigualdades despercebidas aos desatentos. Olho os governantes e vejo, primordialmente, homens. Olho os palestrantes e vejo, primordialmente, homens. Vejo mulheres justificando-se ao emitir opiniões, sugestões. Vejo mulheres calarem suas ideias. Vejo muitas mulheres, escuto poucas vozes femininas – abafadas, ensurdecidas pelo timbre grave onipresente. Pelo timbre grave do sexismo incutido em nossas criações.
20/09/2020.
Olho ao redor e percebo a sorte que tive por ter convivido com outras mulheres judias, implacáveis em suas opiniões e ações. Mulheres com vozes que adentraram minha alma e modificaram o timbre da minha existência. Delas herdei a força e a coragem para me fazer ouvir. Hoje, cercada por outras tantas mulheres maravilhosas, das mais diferentes crenças, percebo a força que temos para transformar o círculo em que vivemos: familiar, profissional, corpo, alma. Únicas, em uníssono. Pela igualdade de vozes.
Shaná Tová Umetuká. Gmar Chatimá Tová – Feliz Ano Novo. Que sejamos inscritos no livro da vida (de forma justa e igualitária).
Uma homenagem do Conto Curtas a todas as mulheres que se fazem ouvir (e um desejo de mudança àquelas que ainda se calam).
Aline Serfaty
Revisado por Fabiana Serra
Querida irmã,
Feliz em vê-la sempre atenta aos hiatos, às diferenças, às injustiças e buscando inspiração para tornar o mundo melhor. Amei seu texto! Muito orgulho.
Bjs
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Adorei o texto. Preciso, direto, brilhante.
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Querida Aline,
texto encantador que aborda a existência dessas vozes internas que não devemos permitir que se calem.
Como mulheres devemos nos apropriar dos lugares destinados a nós e abrir caminhos para as mulheres das próximas gerações.
Amei!
Bjo
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Maravilhoso. Vindo de uma grande mulher!
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