Naqueles últimos dias de junho, nada parecia andar – para a frente. Era como se o mundo tivesse parado de girar, as ideias de brotar e até o sol de brilhar. Ficou uma espécie de breu lusco-fusco, capaz de fornecer contornos, mas nunca detalhes. E ela, no afã de enxergar, esperou o tempo passar. Pediu silenciosamente que a Terra voltasse a girar. Pela força do hábito, olhou o horóscopo que atribuía tamanho imbróglio pessoal ao posicionamento de Marte em Aquário – retrógrado. Entendeu que o momento era de reflexão e respeitou, porque assim achou que deveria fazer.
Deitou-se sozinha na larga cama e ainda que seus olhos estivessem fechados, viu mais cores do que nos últimos dias. Buscando calor, lembrou-se dos seus desejos mais genuínos e dos projetos oriundos de suas ideias, suas próprias crias. Reuniu tudo isso em algum lugar próximo aos olhos para que pudesse enxergá-los, acessá-los de pronto. E pediu força ao coração, que por ora deu-lhe coragem.
Levantou-se. E desafiando Marte, seguiu seu caminho. À luz de sua essência.
Aline Serfaty
facebook.com/contocurtasetcetera
Revisado por Fabiana Serra
Muito lindo. Parabéns!
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Que bom voltar a ler você, Aline! Sempre com a mesma beleza e inquietação, você nos movimenta para dentro e para fora.
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Muito obrigada! Amo seus comentários!!
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