Até hoje me lembro desse dia, à beira do lago, onde sentamos por alguns minutos. Uma eternidade aos seis anos. Lá, vi meu reflexo e alguns patos, que assim como nós, andavam em grupo.
Nos conhecemos bebês, eu e meu melhor amigo, e fomos vizinhos durante os primeiros anos das nossas vidas. Um dia, ele foi morar em outro país e o que era sempre virou raridade. Anos se passaram entre poucos encontros. Fui visitá-lo algumas vezes e aprendi inglês, quando ele se esqueceu do português. Gostávamos muito de aprontar, e no país dele, brincávamos de caçar esquilos, gambás e sapos. Andávamos de skate, subíamos em árvores e visitávamos belas cachoeiras. Foi com ele que desci as mais radicais pistas de esqui e com quem acampei pela primeira vez. Nos ensinamos sobre “Halloween”, “Thanksgiving”, festa junina e carnaval. Nossa amizade deve ser alguma coisa das estrelas, afinal, apenas uma hora e poucos quilômetros separaram nossos nascimentos. Estava escrito.
Nunca mais fomos vizinhos. Ele fez novos melhores amigos e eu também. Mas quando penso na infância, é dele que me lembro primeiro. Foi tão bom que me dá vontade de ser moleque de novo. Infelizmente, passou. E o que nos restou foram estas recordações que aquecem o peito. Em alguns segundos, olhando a foto da minha primeira visita à sua cidade, revivi os melhores anos da minha vida. Sorte.
Aline Serfaty (para Gabriel, Lucas e Michel Serfaty e Samuel Brown Lima)
Aline Serfaty
Muito lindo…
Fiquei emocionada.
Convivi um pouco com essa amizade.
CurtirCurtido por 1 pessoa
Lindo! Lindo! Lindo! Quanto afeto costura o texto todo!
CurtirCurtido por 1 pessoa
Não é fácil escrever sobre o que imaginamos para o futuro. Neste caso, especialmente, por envolver tanta emoção, foi dificílimo. As palavras, fluidas, saltaram do peito apertado e da voz embargada, direto para o papel. Tanto afeto deu nisso!
CurtirCurtir
Muito lindo!
CurtirCurtido por 1 pessoa