Primeira noite sozinha. Já se passaram quinze dias. O cenário é uma casa, de frente para o lago, com telhado triangular, comum em desenhos infantis. É verão e estamos ao norte. O calor vem da fogueira à minha frente. O céu está nublado, anunciando tempestade. As crianças finalmente dormiram, exaustas. Sobrou a solidão, tão acompanhada de mim, que mal percebo as sinfonias da natureza. Prazer. O fogo se ocupa da luz que invade meus pensamentos. Olho para dentro e vejo o que de mim precisei abandonar para ser o que precisava nesta jornada. Os dias de abnegação vem à memória para lembrar-me das doações de corpo e alma, tão necessárias aos laços humanos. A cada vinte e quatro horas o rumo do tempo deixa para trás mais um dia neste hemisfério. Olho novamente para cima. A força do vento empurrou as nuvens e o céu clareou. Naquele momento, a solidão e o fogo formaram o binômio do qual precisava. Em mim, apenas a enorme satisfação de me ouvir. Finalmente.
Aline Serfaty
facebook.com/contocurtasetcetera
Revisado por Fabiana Serra
A força do vento também te habita para juntar sentidos e palavras tão cativantes!
CurtirCurtido por 1 pessoa
Que a força do vento nos habite sempre!
CurtirCurtir
Adorei Aline! Bj
CurtirCurtido por 1 pessoa
Belíssimas palavras, posso até sentir…
CurtirCurtido por 1 pessoa