De olhos fechados e sentada na poltrona do avião, tentava incessantemente dormir. O desconforto do assento e a reviravolta dos acontecimentos nas últimas quarenta e oito horas, lembravam-na de que o mundo é líquido – escorre.
Entre o vinho e a água, que bebia alternadamente, ansiava pelo alento que encontraria na chegada. Mas não encontrou colo, nada. E perguntou-se por que ele não veio.
Eram poucos os dias que ali estaria e resolveu lhe dar outra chance. Aceitou o convite para o encontro e reacendeu, através de velas coloridas e música latina, sua libido. A campainha finalmente soou e ele entrou – na casa, na vida, na intimidade. No vinho e na água. Tornou-se fluido e permeou cada célula do seu corpo. Não foi embora sem antes lhe dizer quem era:
– “Sou quem te confunde.”
Sobrevoando o Atlântico, na volta para casa, percebera que adotara a estratégia errada. Assistir Woody Allen a deixara ainda mais pensativa. Era como colocar em prova suas escolhas. E ali, corpo e mente digladiavam-se. Até o destino final.
Aline Serfaty
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Revisado por Fabiana Serra
É a vida. A gente tem que experimentar, seja do gosto doce, seja do gosto amargo. E assim a gente volta com a vivência na bagagem, que nos torna mais atentos, mas não imunes.
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