Não fora a primeira vez.
Enganava-se sempre que provava daqueles olhos de um colorido tão peculiar. Acolhedores, davam-lhe o calor que pouco teve. E diziam, sem uma única palavra, “quero te abraçar”.
Mas eram olhos céticos, desses que precisam enxergar. Sem vê-la, resfriavam-se e perdiam-se, percebendo apenas o que podiam tatear. Ocupavam-se com o que lhes preenchia o dia. E pouco a pouco, paravam de brilhar. De dividir e de se interessar. Em falar e ouvir. Em trocar. E calavam-se, sem compartilhar.
E os outros olhos, sem um par no qual se espelhar, molhavam-se na tentativa de se renovar. Sofriam e lembravam-se de onde queriam estar.
E para onde queriam olhar.
Eram muito diferentes. Difícil era aceitar.
Aline Serfaty
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Revisado por Fabiana Serra
Muito bom.
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Uma poesia! Rimas, quebras, apertos… talvez impossível aceitar. Como você escreve com maestria!
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Assim, enrubesço… Obrigada, querida Cecilia! Que estes textos possam tocar o coração de muitas pessoas! Beijos!!
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Obrigada, Laura!!
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Nossa, que lindo. Muito poético.
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Amei! O texto é profundo, tocante, forte. Remete aos encontros e desencontros que marcaram nossas vidas.
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